domingo, 21 de janeiro de 2018

DIA NACIONAL DE COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA



Celebrado neste 21 de janeiro, o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa só viria a ser instituído oficialmente pela Lei nº 11.635, de 27/ 12/ 2007, data que lembra a morte da Iyalorixá (Sacerdotisa) Mãe Gilda, do terreiro Axé Abassá de Ogum/BA, vítima de intolerância por ser praticante de religião de matriz africana, acusada de charlatanismo.
Ano a ano, a liberdade de cada um em relação às suas crenças e práticas religiosas tardou a ser levada em conta no Brasil e no mundo... Em Fernando de Noronha não seria diferente... No tempo em que o arquipélago era desabitado e ocorreram invasões, sabe-se que os holandeses viveram em Fernando de Noronha, entre 1629 e 1654, e mantiveram uma Congregação Cristã Reformada Calvinista, com freqüentes visitas de pastores enviados pelo governo holandês de Pernambuco. Mas as sucessivas ocupações do Arquipélago por Pernambuco – como Presídio Comum de Pernambuco, Presídio Político Federal, base avançada militar na II Guerra Mundial e como Território Federal militar, exigiram sempre de todos as práticas católicas, sendo obrigatória a presença nas Missas, fossem elas na Igreja dos Remédios, nas quatro capelas existentes e, somente para os presos, na Igreja de N. Sra. do Rosário dos Sentenciados (que foi totalmente destruída, só visível em pintura de 1870) além daquela realizada ao ar livre, na Praia do Porto de Sto. Antônio, com todos ajoelhados na areia e somente o celebrante de pé.

 


Historicamente, a 1ª Missa celebrada no solo noronhense foi em 1612, pelo frade capuchinho francês, Frei Claude d´Abeville, companheiro do conquistador do Maranhão, Daniel da la Touche que, parando na ilha, para descanso, improvisou um local para essa celebração. Ocupada de forma definitiva em 1737, foi católica a sua definição religiosa, somente alterada em 1957, quando evangélicos de diferentes denominações que faziam parte do grupo pescadores enviados do Recife para a ilha, numa campanha de pesca, uniram-se para reivindicar o direito ao culto, surgindo a prática evangélica juntos, sem separação por denominação. Aos poucos, buscando parcerias com igrejas instaladas no continente e assumindo sua identificação, os evangélicos formaram suas comunidades, existindo hoje: a Igreja Batista, por muito tempo associada à Igreja de Dois Unidos, no Recife/PE; a Igreja da Assembléia de Deus, associada à Igreja de Abreu e Lima/PE; a Congregação Cristã Reformada do Brasil, a Igreja Presbiteriana, a Igreja Adventista e a Igreja Episcopal... 
E a mesma liberdade que permitiu o culto aos evangélicos também acolheu grupos espiritualistas, como umbandistas e kardecistas, estes com encontros regulares de fundamentação da doutrina.
Por isso tudo, em Fernando de Noronha, temos o direito de celebrar o dia de hoje, pela liberdade que permeia as relações humanas no arquipélago distante, tendo a tranqüilidade de saber que a intolerância religiosa (como o racismo) está catalogada na norma criminal que obriga que as devidas punições sejam tomadas, quando houver denúncias, pois esse esses são crimes inafiançáveis, prescrito na Constituição Brasileira.
A palavra certa para a postura de cada um é a tolerância. Em qualquer lugar do mundo, todos devem ser aceitos com respeito, seja qual for a sua religião, a sua crença, a sua experiência de vida.