terça-feira, 15 de novembro de 2016

15 DE NOVEMBRO DE 2010

INAUGURADA A ESTAÇÃO RADIOTELEGRÁFICA DA  MARINHA

Localizada Planalto da Quixaba (ou da Sambaquixaba), em Fernando de Noronha, foi inaugurada - em 15 de novembro de 2010 - a ESTAÇÃO RADIOTELEGRÁFICA DA MARINHA, considerada, na época, a mais importante e de maior alcance do Brasil, sob a responsabilidade da Divisão Naval do Norte.

Na sua construção foi usada a mão de obra carcerária e recursos federais para ser erguida, só ficaria completamente pronta em 1911, com torres metálicas de 75m de altura, funcionando com um efetivo de dez radiolegrafistas, cinco suboficiais de máquinas, um carpinteiro e alguns prisioneiros habilidosos, contratados como empregados. Oferecendo serviços contínuos, graças ao revezamento de turmas, essa estação pioneira prestou serviços até nas transmissões do período da 1ª Guerra Mundial. 


Também seria de grande valia em 1922, mantendo comunicação à distância com a Ilha terceira, em Portugal, durante a travessia de Ggo Coutinho e Sacadura Cabral, na famosa “1ª travessia aérea do Atlântico Sul, na costa norte do Brasil.


Seu primeiro diretor foi Manoel da Silva Pereira, Suboficial Telegrafista e ao registrar aqui esse pioneirismo de Fernando de Noronha, anexo um emocionante texto de um neto daquele desbravador (Luiz Sérgio Vaz Pereira), que saiu em busca dos relatos que ouviu, pela vida afora, a respeito do difícil e valioso tempo de implantação da comunicação num lugar tão distante. São as suas doces recordações,e as fotos desse tempo, por ele chamadas de “Lembranças particulares de Noronha“   

LEMBRANÇAS PARTICULARES DE NORONHA

Na verdade, a minha ligação afetiva com “A Ilha” começou há quase vinte anos antes do meu nascimento em 1946.O fato gerador aconteceu por determinação do Estado-Maior da Armada, Marinha do Brasil, designando meu avô paterno, Manoel da Silva Pereira, Suboficial Telegrafista, para exercer as funções de Encarregado da Estação Radiotelegráfica da Marinha na Ilha de Fernando de Noronha, a partir da data de 20 de maio de 1927. E, assim, partiu ele e sua família, formada por minha avó, meu pai então com 5 anos de idade e minha tia, Neusa, contando três anos de nascida. 

Logo na chegada, por não haver ainda um porto formal na Ilha, as pessoas que lá iriam desembarcar eram transbordadas para embarcações menores e foi justamente aí que uma quase tragédia aconteceu. No momento do transbordo, minha avó ao se desequilibrar deixou a tia Neusa cair de seu colo, mergulhando nas águas claras do porto de Santo Antônio. Ato contínuo e até antes que o pânico se instalasse na família, um Oficial da Marinha, Tenente Ponciano, mergulhou salvando minha tia do afogamento. Esse Oficial, sempre lembrado como nosso herói, tornou-se um grande amigo do meu avô. 

Graças a pronta ação e a demonstração de amor ao próximo daquele militar, minha tia, mostrada na foto ao lado, pode aumentar em mais um o número de habitantes temporários do Arquipélago, conhecendo as maravilhas de Noronha, enquanto residia, por dois anos, no platô da Quixaba.

Foi lá que a Estação Rádio foi erigida, em 1910. Durante visita feita por mim ao local, em 2010, um século depois, pude ver a Capela de Nossa senhora da Conceição, uma das residências da Vila  que restou de pé e duas bases de pedra ainda existentes na margem da BR-363e que marcam o caminho de entrada para a Quixaba. Segundo informação de um habitante da Ilha, os dois blocos seriam as bases das antenas de recepção/transmissão da Estação.

Na foto abaixo, podemos ver a Estação Rádio dois anos depois do desembarque da minha família


N.A.: A foto  obtida no livro   “ A Ilha Maldita” do jornalista Amorim Netto (edição de 1930)

Outras lembranças me foram transmitidas, como, por exemplo, a auxiliar de cozinha de minha avó ter sido uma das detentas do Presídio, condenada por ter executado o marido infiel, no interior do Estado de Pernambuco, à golpes de machado! E cortava bifes na cozinha da vovó!


Ou ainda, a existência de outro prisioneiro, o “Mata-Velha”, alcunha recebida por ter assassinado uma idosa com um murro na cabeça, empregado como ajudante da Estação Rádio.De comportamento extravagante, escalava o mastro da antena, com cerca de 75 metros de altura, e lá permanecia por dias sem comer, sentado em uma base de apoio. Dessa forma, meditava quando se considerava muito aborrecido ou injustiçado.

 A foto do “Mata-Velha” abaixo foi obtida no livro   “ A Ilha Maldita” do jornalista Amorim Netto (edição de 1930).




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