sábado, 18 de junho de 2016

JUNHO: UM MÊS CHEIO DE ENCANTO!




Estamos em junho. No Nordeste, isso significa festa, comidas que vivem na nossa memória, como se aqueles sabores nunca tivessem saído de dentro da gente e músicas deliciosas, enraizadas no nosso coração.

Por todos os lados e de todas as formas as festas renascem, adaptadas aos tempos de hoje mas com o mesmo calor e a mesma intensidade com que aquecia os nossos dias de criança, adolescente, adulto.

Não importa o lugar onde estivermos... Não importa como aquela festa foi preparada... Não importa mesmo! O que importa é a força da tradição nordestina que continua a existir, enquanto o homem continua a sonhar, imaginando o futuro perpetuador daquilo que alimentou sua vida! 

E nada melhor do que repetir isso com o encanto e a sabedoria que vem da literatura de cordel, nordestinamente perpetuada:   

VIVA SÃO JOÃO!
(Cordel)

O São João é uma festa
Que é uma maravilha,
Tem danças muito bonitas
Especialmente a quadrilha,
Tem forró, xote e baião
Que todo mundo partilha.

Arraial bem enfeitado
De balão e bandeirinha.
Foguete pra todo lado,
Pau-de-sebo e capelinha,
Zabumba tocando forte,
Sanfona bem maneirinha.

Quem nunca experimentou
Não sabe o que perdeu.
Quem conheceu a festa
Jamais dela se esqueceu.
Vai voltar a cada a ano
Pois ela o endoideceu.

É assim que acontece
Com quem descobre a beleza.
Quer repetir sempre a farra,
Comemorar sem moleza.
Pois brincar no São João
Afasta qualquer tristeza!

domingo, 5 de junho de 2016

UMA CASA TÃO IMPORTANTE NA MINHA VIDA...



Olhando a imagem da PENSÃO BORGES, na singela cidadezinha portuguesa de Campelo-Baião, volto no tempo para lembrar a minha emoção em entrar nessa Casa, em busca das minhas raízes paternas, reencontradas num outro tempo, já adulta...


Daqui saiu o meu pai, Alfredo Borges, aventurando-se a criar um serviço novo no distante país que adotaria, onde teve filhos, trabalhou duramente e se foi, deixando-nos a todos marcados pela saudade daquele homem singelo, eternamente de camisa-de-meia, fazendo placas esmaltadas e em metal para veículos, para ruas e praças, para enumerar as casas, para profissionais (“Dr. Fulano de Tal, Médico” ou “Advogado”, “Dentista”, etc, etc,, etc.). O homem de pouca cultura acadêmica e enorme experiência de vida, era também o contador de histórias do seu tempo de menino, que cantava fados brejeiros encantadores e nos fez amar sua terra para sempre ...


A visita era, naquele momento, realmente sentimental: a casa, as cerejas colhidas no quintal, o almoço farto, as conversas tímidas no início, o sotaque da parentela despertando saudade... Depois, a ida ao cemitério tão perto, a oração diante dos túmulos dos avós Eduardo e Joaquina Borges, memorizando definitivamente a frase que emoldurava o jazigo: “para além da morte, a vida; para além da vida, o céu. Ó morte, fostes vencida; forte poder te venceu”.


Em frente à casa - neste 2016 - está o sobrinho Sérgio Borges, filho e herdeiro musical do pai, Maestro Fernando Borges, meu irmão. Foi dele o gesto de carinho, registrando aquele momento para a tia aqui no Brasil, dando a ela novas razões para emocionar-se.



A casa do meu pai, Alfredo Borges, numa vilazinha do norte de Portugal, é como uma miragem no tempo que passa... E o coração se enternece pela visão disto tudo e pelo carinho do sobrinho, orgulhoso de sua descendência!