sábado, 22 de setembro de 2012

UM HISTORIADOR FRANCISCANO SE FOI...



Ele era franciscano. Acima de tudo a que se propôs fazer na vida, fora o enorme carinho por São Francisco de Assis que o atraíra e por ele buscara o passado, à procura dos elos plantados pelos franciscanos em Olinda, onde chegaram – pioneiramente – em 1585.

Fernando Sales saiu à procura desse passado quinhentista, especialmente de uma mulher daquela época, já imbuída da espiritualidade franciscana – Dona Maria da Rosa – para montar a cadeia de conhecimento sobre essa figura histórica, capaz de acolher e implantar a história franciscana no sítio histórico de Olinda, nas terras que lhe pertenciam e que foram o núcleo inicial deste que é “o mais antigo convento dos franciscanos no Brasil”.

Fernando Sales fez desse saber a sua tese de estudos. Defendeu essa ligação entre uma Irmã Terceira que seguia o caminho de São Francisco de Assis e uma terra em ascensão, ocupada que fora a partir de 1535, pelo seu valoroso donatário, Duarte Coelho. E assim sendo, engajou-se no Instituto Histórico de Olinda, como um historiador-religioso, de prática católica. Engajou-se também na Academia Olindense de Letras, onde tencionava estender sua face de intelectual do seu tempo de agora. Depois, o passar dos tempos despertou-lhe a enorme vontade de partilhar sua sabedoria e sua religiosidade num outro campo de ação e de partilhar com outros historiadores esse conhecimento, externando o desejo de ser também sócio do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano, sonho recente que não lhe foi dado realizar.  ist[órico  

Sua morte pegou de surpresa todos os seus Irmãos Terceiros, todos os companheiros historiadores e imortais... Muitos amigos que foram levados à Ordem Franciscana Secular pelas suas mãos de “pescador de almas franciscanisadas”, surpresos pela inesperada partida, velaram seu corpo e rezaram por sua alma, devotamente unidos pelo mesmo e radical amor ao “Pobrezinho de Assis”. 

Assim é a vida. Sabemos que caminhamos rumo ao céu das nossas crenças com o compromisso de semear a Justiça e a Paz durante a caminhada. Cremos que isso nos dará o galardão da vitória, como agora o Irmão Fernando Sales - certamente - fez por merecer!

Silêncio. Um dos nossos se foi. Amem. Aleluia!  

domingo, 16 de setembro de 2012

75 ANOS DO CORAL SÃO PEDRO MÁRTIR, DE OLINDA


Os sonhos alimentam a vida... Os sonhos impulsionam o homem para rumos inesperados e, por vezes, definitivos! Foram os sonhos que alimentaram as realizações de um maestro e cantor excepcional, para reunir companheiros, todos motivados pela Música, fazendo nascer a Schola Cantorum São Pedro Mártir, fundado por aquele musicista, Otoniel Mendes, em 13 de setembro de 1937.

No começo, o ideário era tão somente assumir a parte musical das celebrações na Matriz de São Pedro Mártir, em Olinda, aquela que fora a 2ª Paróquia em terras da Nova Luzitânia e que era, na época, a matriz central dos Sítios Históricos. Por muito tempo isso bastava ao coral do Maestro Otoniel: cantar louvores em celebrações litúrgicas.

Passaram-se décadas... A Schota Cantorum tornou-se o Coral São Pedro Mártir"... Outros conjuntos de canto coral surgiram e desapareceram, em Olinda e no Recife. Aquele grupo, não. Resistia, inaugurava o cancioneiro popular no seu repertório, sem se distanciar do erudito e do sacro, que o caracterizavam.

Olinda e os olindenses comemoraram - com muito orgulho – neste 13 de setembro de 2012, aquela bela história de superação e amor à Música: os 75 anos do Coral São Pedro Martir, o mais antigo coro de toda a América Latina, sonhado pelo maestro Otoniel, no distante setembro de 1937, por ele conduzido por mais de quatro décadas, assumido mais tarde por grandes regentes, depois que ele - Otoniel - se foi.

O cenário para esta comemoração tão significativa não poderia ser mais nobre: a Igreja do Carmo de Olinda, recentemente restaurada e rededicada, aberta às celebrações religiosas, à visitação turística e a festas como essa, repleta de homenagens e pura emoção!

Conduzidos pelo Maestro Paulo Andrade, seus 35 integrantes apresentaram-se em um cenário nobre: a Igreja do Carmo de Olinda, recentemente restaurada e rededicada, aberta às celebrações religiosas, à visitação turística e à Arte, oferecendo “a melhor acústica dentre os templos da cidade”. Uma programação especial encantou ao público que acorreu, para homenagear seu coral querido e ouvir convidados importantes, como o Madrigal Olinda e o Quarteto de Cordas do Conservatório Pernambucano de Música.

Certamente, a alma e os sonhos do Maestro Otoniel Mendes pairavam por ali... A “bela música” (como dizia ele) marcou a noite de saudosismo, de reconhecimento e de beleza! Viva!

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Foto: Coral São Pedro Mártir na inauguração da TV Jornal do Commercio - Recife, em 1960.

domingo, 2 de setembro de 2012

FORÇA IMBATÍVEL


FORÇA IMBATÍVEL

Todas as tristezas se acabam

quando a elas se sobrepõe

a força de um afeto verdadeiro.

- Como a escuridão da noite,

que se acaba quando surge a luz

do esplendor, no dia que renasce -

Toda mágoa se desfaz, por encanto,

quando o carinho sincero e pleno

desmancha a trilha de dor deixada.

- Como a onda, no mar,

quando se rende, de repente,

espraiando-se suavemente,

após a fúria incontida -

Não há semente de decepção

que resista à força

de uma inesperada dose de ternura...

- Como o dia, como a luz, como a onda,

o sofrimento acaba, dissipa, evapora,

quando tocado pela imbatível força

que vem do coração de um companheiro!

Como o dia, como a luz, como a onda,

a amizade a tudo supera, vence, derrota!

Ainda bem que é assim!

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(Do meu livro “Em louvor do amigo”, ainda inédito)