sábado, 30 de junho de 2012

PALAVRAS DO PROFETA


"Só as grandes humilhações

nos levam ao recesso último

de nós mesmos,

lá onde as fontes interiores

nos banham de luz,

de alegria e de paz."


(Dom Helder Camara)


segunda-feira, 25 de junho de 2012

HOUVE UM HOMEM CHAMADO JOÃO


Foste abençoado antes de nascer,

no ventre da tua mãe, João...


Desde aquele momento,

tua missão de precursor pontificava.

Era teu o compromisso de “preparar o caminho

daquele que viria para salvar todos os homens,

em todos os tempos.


E assim aconteceu.

Feliz o ventre que te concebeu,

como um milagre, na velhice da tua mãe, Isabel!

Doce espera vivida por ela, portando em seu ventre

o esperado homem que antecederia a missão do Mestre!


João Batista, humilde e dedicado servo do Senhor,

incapaz de pedir privilégios para si mas inteiramente dedicado

à tarefa maior de anteceder aquele que viria,

carregando a paz e a esperança para um mundo

que parecia perdido...


João Batista, o singelo habitante do deserto,

que se alimentava de mel e frutas silvestres,

e pastoreava rebanhos, enquanto fitava o céu que o escolhera

para ajudar o mundo no caminho da salvação...


João Batista, em tua memória rezamos, confiantemente,

para que o teu exemplo se perpetue

naqueles que acolhem a chamado à missão

e se doam inteiros para cumprir, amorosamente,

o seu dever!


sexta-feira, 22 de junho de 2012

OS PRIMEIROS CONVENTOS FRANCISCANOS NO BRASIL


Recebi, do escritor Antônio Noberto, sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, um interessante trabalho sobre o mais antigo convento capuchinho do Brasil – o Convento São Francisco, em São Luiz (le Couvent Saint-François), edificado em 1612 onde hoje se encontra o Seminário Santo Antonio, no Centro da capital maranhense, Quatro capuchinhos acompanhavam Daniel de la Touche naquela viagem: Frei Yves d’Evreux (superior da missão), Frei Claude Abbeville, Frei Ambroise d’Amiens e Frei Arsene de Paris. Mais tarde, em 1613, viriam mais 11 capuchinhos, para viverem nessa casa conventual, construída de taipa de pilão e de pedra “como se fazia na França” tornando-se mais sólida, com o uso posterior de outros materiais construtivos.

Ler sobre isso despertou-me dois desejos:

  • : falar de um outro convento também franciscano, erguido em Olinda, em 1585: o Convento de São Francisco da Ordem dos Frades Menores, o mais antigo do Brasil daquela congregação,
  • : falar sobre Frei Claude d´Abeville, integrante da expedição que se dirigia ao Maranhão mas que, aproximando-se do Brasil, sentiu necessidade de parar em um arquipélago encontrado na sua rota marítima, para se abastecer.

O Convento franciscano de Olinda é muito conhecido pelos devotos de São Francisco e muito visitado pelos turistas que chegam à 1ª capital pernambucana. Erguido numa colina suave, a caminho do Alto da Sé (a Catedral do Arcebispado), no coração do sítio histórico da Cidade Patrimônio Mundial, foi invadido pelos holandeses no século XVII, abandonado à sua própria sorte por muitos anos, reconstruído, ornamentado com azulejos portugueses, preciosas talhas douradas, pinturas que trazem a natureza para enfeitar o interior do conjunto – mostrando folhas e frutos - e figuras de anjos com traços fisionômicos índígenas, entalhados em jacarandá.

Ali nasceu o Mamulengo, expressão criativa de usar-se o boneco feito em mulungu, para a catequese dos índios e escravos, usada pelos franciscanos da primeira hora. Ali vive – desde aquele tempo - a comunidade de Frades Franciscanos Menores, em terras doadas por Dona Maria da Rosa, a 1ª franciscana secular, que fez nascer daquela casa, desde 1577, a mais antiga e Venerável Ordem Terceira Franciscana secular do País, núcleo tradicional de religiosos que chegam até os nossos dias.

Frei Claude d´Abeville, um de dos companheiros de La Touche, conquistador do Maranhão, como seu escrivão na expedição, escreveu uma bela obra: “História da Conquista do Maranhão e Terras Circunvizinhas” e nela incluiu um capítulo “Fernando de Noronha”, no qual descreve o arquipélago com riqueza de expressões e de detalhes, do que seria a esplendorosa natureza que descobriu, ao parar por 15 dias na ilha principal do arquipélago, onde quis deixar plantada a força da fé católica, improvisando uma paliçada sob a qual celebrou a 1ª Missa naquelas paragens. Esse feito é contado também na coleção “História da Igreja no Brasil”, do Pe. Arlindo Rupert, ao referir-se aos frades capuchinhos franceses que andaram pela nossa terra.

Detalhes da uma grande história que se construiu aos poucos, mas que deixou sólidas informações e nos ajudam a resgatar o passado, seja em Pernambuco, seja no Maranhão, com gosto de eternidade!

Imagem: claustro do convento franciscanos de Olinda - o mais antigo do Brasil.


domingo, 17 de junho de 2012

O DESCONHECIMENTO SOBRE FERNANDO DE NORONHA


A história dos homens, em todos os tempos, exerce um enorme fascínio sobre muita gente, pelo que reserva de surpresas, pelas emoções que desperta, pelos segredos que aponta, pela ignorância lamentável da tantos que pode ser preenchida por sabedoria...

No meu caminho em busca das verdades sobre Fernando de Noronha, tenho vivido momentos preciosos de descobertas e, reconhecendo o quanto o foi o arquipélago relegado ao ostracismo, na grande História do Brasil, a vontade é sempre de propagar descobertas, falar sobre elas de todos as formas possíveis, elucidando momentos de beleza, de dor e de glória, ali experimentados.

Gente de muitos lugares vem em busca de dados ou de confirmações, no seu envolvimento pessoal com esse ou aquele tema... E, para mim, contribuir para esclarecer esse passado que me propus a descobrir estabelecem-se laços fortes, que se continuam quando a curiosidade foi satisfeita e aquele que se sentiu amparado na sua sede de saber sentiu-se saciado.

As buscas são as mais diferentes possíveis... Alguém me busca porque pesquisa a presença dos integralistas no arquipélago, no difícil período do Presídio Político oficial (1938/1942): e apresso-me a enviar fotos e informações disponibilizadas pelo “Programa de Resgate Documental sobre Fernando de Noronha”, proposta onde deposito meu saber noronhense e, em parte, consolidado nos livros que escrevi sobre o tema. Outro viveu na Ilha Grande, como familiar de um preso político ali confinado e, à procura de dados daqueles outros presos que vieram “da ilha”, inicia-se uma troca fantástica de conhecimentos, enriquecendo o conteúdo já tão diversificado do programa. Outro descende de um militar que serviu ali, no “Destacamento Misto da II Guerra Mundial”... E dessa troca surgem imagens expressivas das peças (canhões) levados para lá, que mostram a implantação do “sistema de defesa do século XX”, considerado necessário como armamento bélico mas que danificou os seculares caminhos em pedra, deixando marcas visíveis até hoje...

E assim tem sido... É da soma de cada contribuição, de cada foto doada, de cada “pedaço” dessa história de cinco séculos que um programa de resgate se alimenta. E conta sempre com a boa vontade dos inúmeros doadores, dispostos a abrirem mão de umas poucas heranças recebidas de seus antepassados para explicar um presente cada vez mais necessitado de atenção.

E, ainda neste ano de 2012, parte desse saber, desses “presentes” recebidos de muitos e da persistência na procura e organização desses bens inestimáveis, renascerá – em Fernando de Noronha – o MEMORIAL NORONHENSE / Espaço Cultural Américo Vespúcio - apresentando e disponibilizando - aos ilhéus e a cada visitante – a saga de um espaço insular de natureza exuberante e de uma história riquíssima, com muito ainda a descobrir-se!

Abençoado seja esse tempo que chega!!!

domingo, 3 de junho de 2012

OLINDA - A BELEZA VISTA DO ALTO


Olhar Olinda, a qualquer hora do dia ou da noite, no coração do seu “Sítio Histórico”, é sempre um colírio para os olhos... Vê-la do Alto da Sé, é reafirmar a expressão de encanto atribuída ao seu donatário – Duarte Coelho – quando aqui chegou, em 1535 e, extasiado, teria poetizado diante do que via: “Oh! Linda situação para construir-se uma Vila!”.

Foi sempre essa a minha compreensão, contemplando aqueles monumentos, sabiamente dispostos pelas sete colinas que circundam e compõem o espaço urbano, marcado por descidas deliciosas, casario irregular, quintais explodindo de tanto verde, “rasgos” de um mar que a tudo margeia, céu azul, tingindo-se de luz e de sombras, quando o dia se vai...

De repente, um elemento novo se acrescenta a esse caleidoscópio de lindeza, dando a uma edificação importante – a Caixa d´Água do Largo da Sé - um elevador panorâmico. E as filas se sucedem, atraindo gente de todas as idades e procedências, para galgar aquele espaço físico e ser levada, aos poucos, para o alto, para a paisagem, para o choque inesquecível em perceber que aquele lugar já tão emblemático, está ainda mais bonito!!! E o prédio - pioneiro no uso do elemento vasado em sua construção - pareceu-me, àquele momento, “perdoado” por ter sido tantas vezes acusado de estar plantado em lugar inadmissível!

Não há como ficar indiferente... Chegar lá em cima, é quedar-se diante de cenas já conhecidas, agora vistas do topo possível de chegar-se pelo engenho humano e pelas realizações certeiras dos que decidem por escolher o que for melhor.

De repente, lá estava eu, olhos e coração abertos para o “Horto del Rey”, somente antes espreitado por rasgos de vegetação ou a partir da contemplação do terraço das Dorotéias, nem sempre permitido...

De repente, aquele verde secularmente protegido, desde as “Hortinhas” de Duarte Coelho, levava-me a um passado relativamente próximo, quando sonhou-se a união daquele espaço com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, para nele abrirem-se meandros, permitindo visitações, caminhadas... Tudo isso “apalavrado” com o Dr Sérgio Bruni, representando-o na assinatura de um Protocolo de cooperação técnica...

De repente, Olinda estava aos meus pés, com seu Farol, suas Igrejas, seus caminhos tortuosos, espalhando-se para longe, até suas terras distantes, do antigo Termo da Vila, na contemplação do Porto, dos “Arrecifes dos Navios”, da cidade-irmã Recife, que cresceu tanto a ponto de suplantá-la.

Naquele terraço superior, do alto da Caixa d´Água, recordei Duarte Coelho, o visionário, que batizou essas terras, dando-lhe deu nome e uso pelo seu Foral... Recordei Germano Coelho, que sonhou uma Olinda construindo seu futuro com as lições do passado... E recordei Carlos Penna Filho, o poeta, ao descrevê-la como um lugar tecido de “limpeza e claridade”, iluminando nossos corações para sempre!