segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

PALAVRAS DO PROFETA


Quando olhares em torno
e tudo parecer treva, escuridão, fantasma,
antes de clamar contra a maldade dos tempos e dos homens
examina se estás sendo a luz que deves ser.

(Dom Helder Camara)


domingo, 19 de fevereiro de 2012

É TEMPO DE CARNAVAL

Se em todo o Brasil o Carnaval é um tempo de festas, em Pernambuco ele tem um significado excepcional... A folia cresce em importância pela diversidade cultural que marca o reinado de Momo, levando para as ruas o povo da capital, da região metropolitana e do interior, cada um desses espaços guardião da beleza e da diversidade de ritmos e de danças próprias e únicas, na singularidade como surgiram e se fizeram tradição.

Nos sítios históricos de Olinda o Carnaval tem um cenário especial, derramando magia e beleza pelas ruas, ladeiras, becos, montes... São os bonecos-gigantes, cheios de irreverência e impacto... São as centenas de clubes, troças, blocos, de nomes curiosos, anunciados todos pelos clarins que os precede... Nos bairros localizados fora desse circuito secular, os pólos de animação apressam-se em levar a beleza conhecida na área tombada para longe, oportunizando a descoberta do lirismo, das tradições e do novo, que se vai incorporando ao Carnaval dos dias de agora, fiéis ao passado e, ao mesmo tempo, aberto à mudança.

Na capital – o Recife – também a febre de animação se apresenta, começando oficialmente com “o maior bloco do mundo” – o Galo da Madrugada e seguindo adiante, tanto no Recife-antigo como em uma infinidades de espaços carnavalescos, onde a irreverência também faz morada, nas inúmeras agremiações, reunindo adultos e, de forma especial, trazendo os pequenos para a festa desde a mais tenra idade... E o frevo “rasgado”, dançado como ninguém imagina, concorrendo com o batuque forte dos maracatus, nos cortejos de realeza africana... E o lirismo dos blocos fazendo história...

Pelo região metropolitana e pelo interior do Estado não é diferente. Muito frevo e passo, grupos de caboclinhos com suas preacas, maracatus rurais (com as extraordinárias golas bordadas apenas por homens), papangus e suas máscaras originais, carros alegóricos, e outros, outros, outros...

Certamente, nada se compara a entrar-se num Carnaval sem passarelas, limite de tempo para “exibição”, mas liberto e diverso. Com a vantagem que pode-se olhar, mexer-se enquanto contempla os que passam e dançam, ou entrar no centro da festa, fantasiar-se para representar seu bloco, ou ainda dar-se as mãos, como uma corrente humana, para proteger os que brincam e seus instrumentos que espalham as melodias.

Isto é o CARNAVAL PERNAMBUCANO. Isto é o tempo de extravasar fantasmas, enfeitar os rostos, experimentar danças frenéticas ou tranqüilas, sempre de acordo com o “gosto” de cada um.

Duvida??? Então venha... Ainda dá tempo!

E, de quebra, reverencie as figuras escolhidas para serem símbolos do Carnaval de 2012: Em Olinda: seu ex-Prefeito em dois diferentes momento, jurista, historiador e também folião GERMANO COELHO, No Recife, o jurista, compositor e cantor ALCEU VALENÇA. E ainda o velho (e tão querido) LUIZ GONZAGA, “o Rei do Baião”, na comemoração dos 100 anos de seu nascimento.


Vamos lá... “Acorde” o folião que existe em você e venha!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

CONCELEBRANDO COM DOM HELDER


Uma igreja lotada. Cânticos lindamente entoados pelo Grupo Celebrai (da Catedral da Sé de Olinda). Um pregador emocionado e comunicativo. Um clima de alegria e de saudade. Assim foi a celebração pelos 103 anos de nascimento de Dom Helder Camara, no dia 07 de fevereiro, na singela Igreja de N. Sª da Assunção das Fronteiras, onde ele viveu por muitos anos e onde morreu, em 2009.


Frei Joaquim Ferreira, oc, Vigário Episcopal Norte da Arquidiocese de Olinda e Recife - presidiu a concelebração, representando o Arcebispo, atualmente em férias e confessou-se profundo admirador de Dom Helder desde os tempos de seminarista, na convivência com o "helderólogo" Frei Pio Moreira, oc (o fundador do Coral do Carmo do Recife que, ao longo da vida reuniu, em 27 volumes, textos e reportagens sobre o Dom e poemas e meditações dele próprio, publicados na Imprensa e/ou lidos por ele em programas radiofônicos que manteve por anos e anos, à frente da AOR.)


Ao findar-se a Missa, o Presidente da FUNDARPE, chamado ao altar, anunciou que o Governo do Estado comprometia-se e concluir as obras de instalação do MEMORIAL DOM HELDER CAMARA, novidade recebida com demorados aplausos... Tudo muito simples
e, ao mesmo tempo, profundamente reverencial, na lembrança de todos, nas peças espalhadas por aquele lugar de culto, como o genuflexório no altar-mor, onde o Profeta rezava, em todas as madrugadas, acordado que era pelo despertador para a vigília, momento do encontro com Deus e fecundos momentos em que produzia sua extraordinária obra.


Esse ritual continua a se repetir, a cada fevereiro, pela fidelidade de muitos, que afluem à “igrejinha de Dom Helder” – como é identificada até hoje aquele templo.


Foi importante saber-se ali do interesse do Governo em somar forças nas fileiras dos que lutam para guardar os sinais da sua vida terrena... Esse Memorial ocupará parte do andar térreo da Igreja das Fronteiras e todo o primeiro andar da edificação, reunindo o acervo construído nos seus 90 anos de vida, contendo diplomas, honrarias, títulos, fotos, livros (editados em diversos idiomas), etc. O conjunto "casa de Dom Helder" fará parte de tudo, sendo mantida a distribuição original, como era usada pelo Profeta, com o seu quarto singelo, por trás do altar-mor da igreja, sua sala de trabalho, sua rede de cearense, a mesa onde recebia todas as pessoas, o pequeno jardim de entrada...


Na frente do templo, a escultura que celebra o Dom Helder-Poeta, continuará como quê acenando para quem chega, como parte do circuito dos Poetas Recifenses, espalhado por locais diversos da capital pernambucana, homenageando ali não o padre, o bispo, o escritor, o teólogo, o religioso mas o poeta maravilhoso que ele foi sempre, desde os tempos de jovem seminarista.


Vai valer sempre a pena reunirem-se pessoas que amam o Dom, para rezarem juntos e proclamarem – juntos também – a sua devoção!

................................................................

Fotos: Deo Barbosa


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

PARABÉNS, QUERIDO DOM HELDER!


Foi de luz a tua chegada ao mundo.
numa casa já tão cheia de pequeninos...
Escolher-te o nome foi uma inspiração paterna
ou a clarividência inconfessada e corajosa
de inaugurar, em ti, um nome novo,
um nome encontrado ao acaso, num livro,
chamando-te: “Helder”, claridade, dia claro...

Desde cedo teu amor ao Pai foi transparecendo
na tua face, no teu jeito de ser...
E jovem, ainda, tu te fizeste padre
e te colocaste a serviço de todos, sem distinção...
O mundo te esperava, com suas contradições
seus sonhos e suas dificuldades...
Os homens precisavam de ti e ainda nem sabiam...

Agora reverenciamos esse nascimento,
agradecendo ao Pai do céu porque vieste
para aceitar e distribuir os dons recebidos
e ser a voz poderosa que espantaria a todos
pela força do que proclamava e vivia...
Não foi em vão a tua luta, padrezinho...
porque hoje - pelo mundo - todos te agradecem...

O nosso jeito de te amar tem muitas faces
mas caminha junto, rumo ao ideal que semeaste,
quando nos atraíste para aquilo em que acreditavas...
E o chamamento foi tão forte e verdadeiro
que de ti não nos afastamos nunca mais.
até hoje, até este sete de fevereiro que chega,
e que acolhemos novamente, para rezarmos juntos...

Escuta as nossas preces. Aceita o nosso amor
renovado a cada dia, a cada ano, como uma marca
dos sonhos que se enraizaram nos nossos corações,
e nos impulsionaram para sermos melhores...
Fica conosco, em nosso coração, querido cearensizinho,
homem do mundo, que não coube em uma só pátria
porque veio para pertencer à humanidade inteira!!!

Deus te guarde, Helder de luz!!!

Parabéns! Parabéns! Parabéns!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

MORREU SEIXAS DÓRIA, O "RÉU SEM CRIME"


Morreu João de Seixas Dória, o governador deposto em Sergipe e que, durante meses, dividiu um mesmo espaço com Miguel Arraes, em 1964, em Fernando de Noronha... Ele mesmo fala desse tempo de inquietação, no livro “Eu, réu sem crime”, onde recorda o sua prisão e confinamento no arquipélago: “Quando fui preso, os militares me levaram para a sede da 5ª Região Militar, em Salvador (BA). Depois de quatro dias, fui transferido para o Recife e de lá para Fernando de Noronha. Passei alguns dias isolado e depois me transferiram para o quarto onde estava Arraes. Ali convivemos durante quatro meses. Saíamos juntos para tomar banho de sol. Até que fui solto e levado outra vez para Salvador, quando achei que seria morto”,

Na obra deix
ada, em nenhum momento o ex-governador sergipano relata a prática de tortura física, como acontecia nas cadeias do continente, onde pessoas perderam suas vidas batendo de frente com o regime imposto pelos militares. Contribuía para isso o reto proceder do então Governador noronhense, Cel. Jayme Augusto da Costa e Silva.

Este governador, João de Seixas Dória, fazia parte da chamada “bossa-nova” - a UDN - e foi um dos primeiros a se aliar à Frente Parlamentar Nacionalista. Isso lhe valeu ser considerado um “esquerdista” e fez com que fo
sse cassado, preso e remetido para Fernando de Noronha. Confinado em Salvador, à espera de ser mandado para a ilha, escreveu ao Presidente da República, Castelo Branco, pedindo que fosse feita uma devassa no seu governo, para que ficasse provado que lá não havia subversivos nem corruptos... Não foi atendido. Libertado, tempos mais tarde, escreveu seu livro de memórias (publicado no Rio de Janeiro, pela Editora Codecri, em 1980), incluindo nele a carta enviada ao Presidente da República, pedindo para ser julgado de forma justa, e que não teve resposta.

Nas memórias do ex-Governador de Sergipe, está o susto vivido numa noite, em que Miguel Arraes foi levado de repente do quarto onde estava preso junto com ele, com a desculpa de que ele “iria dar um depoimento”. Passaram-se horas e horas e nada dele voltar. Às tantas ouviu-se um estampido e um grito no pátio. Apareceu um Sargento anunciando: - “Aquele tiro, Dr. Seixas, eliminou o ex-governador Arraes”. Abalado com a notícia, sofreu a perda do companheiro, a quem tanto admirava. Não quis comer. Não conseguiu dormir. No dia seguinte, encontrou-se com Miguel Arraes, vivo. Tudo não passara de um ato de terrorismo psicológico. Este fato é contado pelo próprio Seixas Dória, e também por Bento da
Gama Batista, outro preso político na ilha, na obra “1964- agonia em Fernando de Noronha: depoimentos sobre o cárcere da ditadura militar”, editado pela Ed. Universitária da UFPB, em 2000.
.
Agora, Seixas Dória se foi, aos 94 anos. Entrevistado por mim, em 2010, em Aracaju, afirmou não sentir mágoa de ninguém, ainda que tivesse sido injustiçado...

O Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes, o companheiro de cela de Dória, expressou os sentimentos de Pernambuco ao governo de Sergipe, pela perda do importante político. Resta-nos – a todos – sua importante obra, existente no acervo do “Programa de Resgate Documental sobre Fernando de Noronha”, nos dois volumes doados, um retrospectivo dos tempos de prisão, e outro, reunindo artigos publicados em jornais, em tempos diversos, muitos dos quais também falando em Fernando de Noronha.

E foi o arquipélago onde amargou sua prisão que lhe prestou uma homenagem televisiva, num especial levado ao ar na TV Golfinho, no dia seguinte à sua morte, recordando momentos vividos por ele em sua trajetória política e, em especial, a foto que consta do seu prontuário, feito no dia de sua chegada na ilha: 12 de abril de 1964.

João de Seixas Dória: um nome para não ser esquecido!
.........................................................................................................

Foto 01: discurso de posse como Governdaor de Sergipe - 1962.
Foto 02: com Ulysses Guimarães, na luta pelas "Diretas Já".
Foto 03: Preso em Fernando de Noronha, em 12 de abril de 1962.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

PALAVRAS DO PROFETA


"Quando se sonha só,
é apenas um sonho,
mas quando se sonha com muitos,
já é realidade.
A utopia partilhada é a mola da história."
"Dom Helder Camara)

(lembrando o Profeta nos seus 103 anos de nascimento)