sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Sua alegria - quase sempre presente no contato com os amigos - era contagiante. Sua voz poderosa, tão própria para as inúmeras atividades num palco, ou num altar, convenciam e atraiam pessoas para a figura daquele homem imenso, doce, talentoso, contraditório e multifacetário...

Quem conheceu ENÉAS ALVAREZ sabia disso. Sabia o quão dócil ele era, diante das muitas partilhas pela vida. Sabia com que propriedade ele abordava assunto diversos, com a sabedoria dos que muito sabem. Sabia do latente anseio de ser padre – desde sempre escondido no seu coração – e plenamente realizado na Igreja Ortodoxa Siriana , assumida por ele “como vocação tardia”, como ele mesmo apregoava.

Padre Enéas foi assim: querido por muitos, procurado por tantos, disponível a todos que dele necessitassem, presente e alerta, como um bandeirante da fé e do amor!

Padre Enéas foi o múltiplo e generoso ser humano, que enfrentou o difícil tempo de provação, de doenças várias e de riscos constantes, com uma aceitação e serenidade que confundiam até aqueles que o buscavam, temerosos de ouvir lamúrias e que acabavam sendo confortados pelo exemplo de resignação e fé em Deus com que se encontravam...

Padre Enéas partiu agora, em busca da eternidade sonhada, deixando órfãos os filhos que atraiu para a sua igreja de Olinda e os amigos que formaram fileiras para despedirem-se dele, na triste tarde da encomendação de sua alma, lindamente feita na celebração de corpo presente, com tanta gente em sintonia, pedindo por ele ao Pai e, num profundo momento de amor, no poema declamado pela amiga de todas as horas – Geninha da Rosa Borges – junto ao seu corpo inerte e sereno.

Que seja bonita a sua chegada ao céu, como você tanto sonhou, querido e inesquecível Enéas Alvarez! Dê as nossas lembranças a Dom Helder, que você amava tanto e interceda por nós, que aqui continuamos o caminho traçado pelo Pai de todos! Amém.


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

É FESTA NOVAMENTE NA ARQUIDIOCESE DE OLINDA E RECIFE


Dia 16 de novembro é uma data muito especial para Olinda. Neste dia foi criada – em 1676 - a DIOCESE DE OLINDA, tendo como instrumento de criação a Bula “Ad sacram Beati Petri sedem”, do Papa Inocêncio VIII. Um momento importante para esta parte do Nordeste do Brasil, até então sem autonomia eclesiástica, apenas sufragânea da Diocese de São Salvador da Bahia, desde 1624. E, na época, foi designado o seu primeiro Bispo: Dom Estêvão Brioso de Figueiredo.


Desde aquele momento inicial, a Igreja da Sé foi a Catedral da Diocese, como o é até os dias atuais e, mesmo tendo experimentado o incêndio holandês de 1631 e o abandono dos homens pelos tempos que se seguiram, o templo continuou lindamente fincado no alto do morro, descortinando beleza por todos os lados.


Olinda era considerada a “fina flor da fidalguia”, plantada num sítio que havia encantado o donatário Duarte Coelho no século XVI (uma das teorias para o seu nome, nascido da admiração daquele fidalgo ao dizer: “Oh! Linda situação para se erguer uma vila!”). No alto, em uma das sete colinas onde o traçado urbano haveria a se espalhar, estava a e, ao seu redor, derramava-se o casario, os muitos verdes, a visão do mar lá longe...


Em 5 de dezembro de 1910 a Diocese foi elevada à Arquidiocese e Sede Metropolitana, através do Decreto da Sagrada Congregação Consistorial. Seu primeiro Arcebispo foi Dom Luís Raimundo da Silva Brito.Oito anos mais tarde, pela Bula Cum urbis Recife, de 26 de julho de 1918, a ela seria anexado o Recife, que passara a ser a capital. E ela denominou-se, a partir dali, Arquidiocese de Olinda e Recife, única no Brasil a conter o nome de duas cidades na sua titulação.


Em dezembro de 2011, em meio a festas e acontecimentos, comemorou-se a existência tão antiga da arquidiocese pernambucana. Afinal, são 335 anos de vida, de tradição, de pioneirismo olindense, de uma fecunda evangelização através dos tempos.

Hoje, mais de três séculos depois, a Arquidiocese de Olinda e Recife está organizada em 103 paróquias, que pertencem aos cinco Vicariatos criados pelo Arcebispo atual, Dom Fernando Saburido, abrangendo a Região Metropolitana do Grande Recife, incluindo-se, também, o Arquipélago de Fernando de Noronha.


Na sua história de tantos feitos há o registro de muitos e santos Bispos e Arcebispos que, nesses séculos, a conduziram com apostólico zelo. Alguns se notabilizaram a seu tempo. Outros deixaram-se ficar na marca do seu pastoreio e dos seus passos de profeta, como o inesquecível Dom Helder Câmara, que levou a AOR por todos os lugares do mundo, na força da sua voz, dos seus escritos, da sua santidade e da luta em favor da Paz e da Justiça. E é ele que é procurado por tantos quantos visitam a Catedral, para ajoelharem-se diante do seu túmulo, fazerem seus pedidos e apresentarem suas orações...


Na data de festa de sua criação – 16 de novembro -, saudemos todos aqueles que escreveram seus nomes na história dessa antiga Diocese, hoje Arquidiocese! Saudemos os cristãos católicos que se orgulham do passado e veneram os que se fizeram dignos de honras e de saudades! Saudemos OLINDA, por tudo o que significa em Pernambuco, desde os áureos tempos em que floresceu pelas colinas suaves, implantando nela a civilização cristã!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

RUMO AO MAR DE FERNANDO DE NORONHA

No passado, somente o mar poderia conduzir o “mundo” e os afoitos navegadores, levando-os a avistar e abordar terras com as quais nunca sonhariam... Em longas e sofridas travessias, os caminhos marítimos foram sendo experimentados, procurados, desbravados e registrados das maneiras possíveis, na época, levando o homem muito mais longe do lugar onde vivia...

Quantas vidas se perderam pelo sonho de navegar? Quantas inteligências estiveram a serviço dessa ânsia de viajar, de partir em busca, reinventando o mundo e ampliando as fronteiras do homem?

Intocado e isolado, no meio do Atlântico, um Arquipélago, rodeado de águas transparentes e de intensa vida marinha, aguardava ser visto, descoberto, povoado, entrando na história dos homens, Até que as embarcações, na sua maioria de forma não intencional, foram chegando, descrevendo-o, dando-lhe uma identificação como lugar de “infinitas águas e infinitas árvores”, que merecia ser conhecido.

Os séculos que se passaram viram surgir o avião, rápido e preciso, como meio de comunicação. E o Brasil deixou de desfrutar o encantamento da viagem marítima, do ir e vir tendo o imenso oceano como sua “estrada líquida” de partida e de chegada.

Em 1981 ocorreu a primeira tentativa de inclusão de Fernando de Noronha num roteiro turístico pelo mar, com o navio de passageiros Navarino, num percurso de 14 dias, entre Santos/SP, Rio de Janeiro/RJ, Salvador/BA, Fortaleza/CE, Fernando de Noronha/DF (na época, Território Federal militar) e Recife/PE. As dificuldades operacionais inviabilizaram a continuação dessa atividade, somente retomada em 1990, com o advento do Funchal e sua rota marítima entre Salvador e Fernando de Noronha, parando também nos portos de Maceió/AL, Recife/PE. Foi um sucesso tão grande que, dali em diante, todos os esforços levaram à melhoria do Porto de Santo Antônio, adaptando o molhe iniciado em 1987 para receber turistas, mesmo com o navio não atracando no porto e sim ficando fundeado a certa distância, sendo seus passageiros levados para a ilha principal do arquipélago em embarcações menores e o auxílio de uma plataforma acoplada provisoriamente a ele.

Quantas dificuldades enfrentadas... As experimentações foram se sucedendo, tanto em definições de equipamentos acrescidos ao porto em expansão, como no treinamento dos participantes da equipe de traslados, encarregada de conduzir, em absolta segurança, todos os passageiros, do navio para a terra e da terra para o navio.

Muitas (e inesquecíveis) embarcações cumpriram essas rotas, sobretudo nos meses de novembro a março/ abril. Outros o fizeram durante quase todo o ano (como o navio Pacific) ou mesmo nos meses de junho a agosto (o lindíssimo navio Vasco da Gama). Todos vieram da Europa e, na sua maioria, com tripulação e comando por portugueses, cercados de muitas nacionalidades, no desempenho das tarefas exigidas.

Um após outro tivemos o Funchal, o Vasco da Gama, o Rembrandt, o Blue Dream, o Pacific, o Orient Queen, o Ocean Countess, o Bleu de France e, na temporada 2011/2012, temos o Ocean Dream. Para cada um foi pensada um entretenimento intenso, que tornasse mais e mais prazerosa cada viagem e as alternativas de desembarque em Fernando de Noronha para o desfrute do lazer marítimo (em atividades que permitissem o desbravamento do mar noronhense) e por terra, seguindo as orientações das instituições cuidadoras da preservação insular, como área de Área de Proteção Ambiental e Parque Nacional Marinho., sujeito às normas federais, estaduais e distritais, como garantia de uso dos recursos naturais de forma consciente e voltada para ações preservacionistas.

Agora vive-se a nova temporada. E o interesse dos brasileiros de todos os lugares só se consolida, provando que “navegar é preciso” e que o homem – ao se entregar à essa atividade– rumo a Fernando de Noronha, descobre o quando é bom fazer isso pelo mar (como no passado da ilha), tendo como grande objetivo da maioria dos embarcados “descobrir” aquele paraíso, presente no sonho da grande maioria que se aventura.