sexta-feira, 27 de agosto de 2010

OLHA POR NÓS, PROFETA!


De lá, do ceu, onde mereceste viver,
tu nos contemplas, Profeta...

Olhas esse mundo sedento do teu saber.
saudoso da tua voz
e da tua presença iluminada...

Vês os olhos molhados
de tantos orfãos que deixaste aqui?
Sentes como és, ainda hoje,
o modelo que escolhemos
para sermos melhores?

E o que fazer, Profeta querido?

Ah! Helder...
Intercede por nós nas nossas dores.
Estende os braços para acolher nosso coração que sofre.
Acaricia nosso rosto, marcado pela saudade.

Afinal, são 11 anos sem a tua presença real
e toda uma vida para crer que acenas,
de lá, onde te encontras,
cada vez que rezamos e buscamos a ti,
ou abraçamos hoje aquilo que deixaste.

Pastor das madrugadas sagradas,
quanta sabedoria ficou, daquilo que criaste...
Quantas lições para os dias de agora,
como se as tivesses escrito ontem, ou a pouco...

Consola o nosso coração, Helder de Paz,
e nos faz gratos por termos vivido
no mundo em que viveste,
impregnados do teu modelo de homem,
de padre, de santo.
Amém.

(no 11º aniversário da sua partida para o céu)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

LEMBRANDO UMA FIGURA INESQUECÍVEL DE FERNANDO DE NORONHA


Dentre as muitas tentativas de fazer-se reforna agrária no Brasil, algumas tiveram Fernando de Noronha como cenário. Em uma dessas experiências, feita em 1935, foi morar na ilha o agricultor potiguar João Pedro da Silva, logo apelidado de "João Barrão", trabalhador de grandes méritos mas que teve a infelicidade de perder as duas pernas no espaço de um ano, vitimado pela gangrena. Quase que lhe era negado o direito de voltar à ilha, por ser considerado inútil para a tarefa esperada...

Ele insistiu. Acabou por receber a autorização de retorno e, a partir daí, o que se viu foi uma maravilhosa prova de superação, da capacidade do ser humano de fazer aquilo que mais sabia: tratar a terra e dela tirar o seu sustento e da filharada oriunda de vários casamentos e até de adoções que assumiu, pela vida.

E ele que, quando jovem, era insuperável nas danças, namorador, trepador de coqueiro, uma vez infelicitado limitou-se a cuidar da terra, improvisando uma forma incrível de equillibrar-se sobre dois tamboretes, para arar ao redor desse apoio e fazer brotar o milho para a festa junina e tantos produtos, sempre de qualidade superior a qualquer outro, no Arquipélago. E saía, pelas estradas, numa charrete ganha em 1987, para distribuí-los...

Um agricultor tão diferente, querido por todos na ilha, viveu 82 anos de trabalho, de coragem e persistência, deixando um legado de coragem e determinação que permanece.

E ele é lembrado agora por uma razão especial... Um dos filhos que adotou, Renê Jerônimo, largou-se de Fernando de Noronha para o Rio de Janeiro, para participar da Meia Maratona ocorrida em 22 de agosto passado, como representante do Arquipélago onde vive e lá contou sua história aos corredores de muitos lugares do Brasil, orgulhoso daquele pai-adotivo que amou tanto e que deixou-se ficar, na história de vida que construiu acima dos seus próprios limites.

Que saudade de João Barrão nós temos, Renê!!!
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Fotos:
acima: João Barrão, trabalhando na terra, em Fernando de Noronha (acervo ADEFN);
abaixo: Renê, no Rio de Janeiro, em 22//08/10 (foto: Gilmar Farias)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

DOM FERNANDO SABURIDO - UM ANO DE PASTOREIO EM OLINDA E R ECIFE



Não faltaram orações. Elas foram muitas... Elas foram constantes...

Todos tinham a boa lembrança da presença - na Arquidiocese de Olinda e Recife - do Bispo Auxiliar que nos veio, como um presente de Deus: Dom Fernando Saburido.

Beneditino, nascido numa pequena cidade de Pernambuco (em Jussaral, Cabo de Santo Agostinho), era ele o conterrâneo que voltava, agora como Titular, para cuidar desse rebanho, tão saudoso da passagem por aqui de Dom Helder Camara. Depois, na natural disposição das coisas do céu, ele nos deixou, mandado que fora para servir em Sobral, no Ceará, onde também se fez querido e onde realizou obras valiosas.

E os designios de Deus o trouxeram de volta à terra natal, ao sabor das preces que cresciam, pedindo essa designação, pela capacidade que demonstrara de ser um Pastor corajoso e manso, decidido e fervoroso, discípulo do outro, que se fora para a morada celeste e capaz de seguir seus passos e incentivar o seu ideário deixado.

Um ano se passou, desde a chegada de Dom Fernando. Um ano de graça, de conciliação, de paz, nesse pastoreio bem-vindo, que agora aniversaria... Todos o olham cheios de esperança, porque se sentem acolhidos de forma plena e fraterna. Todos se unem hoje para celebrar esse tempo novo e fecundo.

Parabéns, Dom Fernando Saburido!
Deus o conserve entre nós, para Sua glória e para que sejamos os fiéis dessa igreja peregrina, rumo ao alto!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

BURRA-LEITEIRA: A ÁRVORE TRAÇOEIRA DE FERNANDO DE NORONHA


Dizem que ela só existe em Fernando de Noronha. Não é bem assim, claro. Mas famosa no Arquipélago ela é, e como! Suas folhas possuem um veneno terrível, causticante... Basta o homem levar aos olhos as mãos que haviam tocado em sues folhas para que ele fique cego por algum tempo; sua seiva queima, dói.

Ela é a burra-leiteira, uma árvore de quatro a cinco metros de altura, que causa enorme perigo. O simples fato de cortá-la contra o vento faz com que o ar volátil que se desprende queime as pessoas, até por sobre o tecido das roupas. As partes atacadas por essa estranha planta, mesmo nos animais, jamais criam pelos.

Sua madeira não pode ser empregada como lenha combustível, porque a fumaça produzida ataca a vista de quem a usa. Uma gota de sua seiva provoca uma queimadura semelhante à do fogo. Como uma maldição, a burra-leiteira é a peçonha que ataca de muitas formas, ferindo o homem e deixando marcas.

Vários escritores fararam sobre essa singularidade no passado. Pereira da Costa, Olavo Dantas, Frei Caude D´Abeville, foram alguns dos que registraram suas impressões sobre a planta mais característica de Fernando de Noronha. Para D´Abeville ela era "uma árvore muito bela e agradável, de folhas bem verdes, semelhantes ao loureiro" e segue descrevendo os males causados por ela, a ponto de compará-la ao "pecado mortal - na aparência exterior agradável, sorridente, convidativo; quando, porem, tocado, com as mãos das obras e o consentimento de uma vontade determinada, faz perder a graça, que é a vista da alma e provoca imediatamente uma dor viva, pungente remorso".

No período do Presídio Comum, a burra-leiteira foi usada como uma forma de castigo. O preso era obrigado a açoitar a árvore e suportar a seiva que lhe molhava os braços, as mãos, queimando, doendo, abrindo feridas no seu corpo. E foram muitas torturas praticadas assim, numa árvore bela mas fatal.

Por outro lado, uma gota dessa seiva tão forte colocada sobre uma verruga, curava a pessoa que o fizesse, porque a verruga caía, após alguns dias. Contraditório uso, na linha da farmacopéia popular.

Quanto castigos essa traçoeira árvore terá propiciado??? Quantas curas para alguns males, também???

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

11 DE AGOSTO - O PIONEIRISMO DE OLINDA



Foi em Olinda e em São Paulo que surgiram os primeiros cursos superiores do Brasil, com a criação - em 11 de agosto de 1827, pelo Imperador Pedro I - a Faculdade de Direito de Olinda, simultaneamente com a Faculdade de Direito de São Paulo, só então surgindo da nossa terra dois cursos superiores de Ciências Jurídicas e Sociais.

Por essa razão, esta é a data em que se celebra o DIA DO ESTUDANTE, comemorado, a cada ano, nos dois lugares escolhidos para sediarem os cursos de Direito, e ambos instalados, pouco tempo depois, em prédios religiosos, o de Olinda no Mosteiro de São Bento e o de São Paulo no Convento de São Francisco.

Para Olinda acorreram estudantes das províncias do norte e nordeste; para São Paulo, do sul e sudeste, afora alunos de outros países, como Angola e Portugal. Somente jovens com mais de 15 anos podiam ser matriculados, depois de serem aprovados em estudos preparatórios de Francês, Gramática Latina, Filosofia Racional e Moral, e Geometria.
A grade curricular da época era dividida nas seguintes disciplinas, a cada ano:
  • 1º ano - Direito Natural, Público, Análise da Constituição do Império, Direito das Gentes, e Diplomacia;
  • 2º ano - as cadeiras do ano anterior e mais o Direito Eclesiástico;
  • 3º ano - Direito Pátrio Civil e Direito Pátrio Criminal, com a Teoria do Processo Criminal;
  • 4º ano - continuação do Direito Pátrio Civil e o Direito Mercantil e Marítimo;
  • 5º ano - Economia Política e Prática do processo adotado pelas Leis do Império.
A primeira turma de Bacharéis em Ciências Jurídicas de Olinda formou-se em 1832. Em 1852 o curso foi transferido do Mosteiro de São Bento para o Palácio dos Governadores (atual sede da Prefeitura de Olinda). Em 1854 foi trazido para o Recife, passando a chamar-se Faculdade de Direito do Recife, sendo hoje a Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.

Todos os anos, neste dia, solenidades feitas em Olinda comemoram a importante data - 11 de agosto - inclusive com ato na Biblioteca do Mosteiro beneditino, que funcionaou como sala de aula daqueles primeiros estudantes.

Vale lembrar, como curiosidade de Pernambuco, que somente neste ano de 2010, Fernando de Noronha formou seus primeiros ilhéus em um curso superior: o de Pedagogia (em janeiro) e, no final deste ano, formará sua primeira turma de Administração. As deficuldades para que isso pudesse acontecer e os avanços tecnológicos permitiram que, somente 183 anos após o pioneirismo em Pernambuco, a formação em nível universitário fosse possível no Arquipélago.

domingo, 8 de agosto de 2010

PALAVRAS DO PROFETA


"Os pais podem considerar-se
sócios de Deus"
(Dom Helder Camara)
- homenagem ao DIA DOS PAIS -

terça-feira, 3 de agosto de 2010

ORAÇÃO PELOS PADRES DE TODO O MUNDO

Senhor,
que criaste o homem
à Tua imagem e semelhança
e para ele firmaste, sólidos e belos,
a terra, os astros, a luz;
que amaste essas criaturas
acima de suas limitações,
amparando-as quando pecaram
e redimindo-as todas,
no supremo sacrifício do Teu Filho;
ouve a prece que fazemos
por todos aqueles que se consagraram a Ti,
de forma especial e definitiva.

É por eles, Senhor, os teus Padres,
que pédimos,
com o coração repleto de fervor...

Iguais a todos os outros homens
eles são frágeis, pecadores e inseguros.
À semelhança dos seus irmãos
eles experimentam o horror do medo
e o peso da solidão,
em suas vidas dedicadas ao Teu serviço.

A maldade do mundo os rodeia, Senhor,
como um fantasma pavoroso,
exigindo a força descumunal que nasce da fé
e da coragem com que largaram tudo
para se colocarem no Teu regaço.

E, mesmo sendo fracos
e sofrendo na alma
o temor das quedas e tropeços,
esses homens buscam em Ti
a força para resistirem sempre,
para perseverarem na luta,
para continuarem Padres até o fim.

Por isso, Senhor,
olha para o nosso coração de cristãos,
aceitando e atendendo à prece que fazemos
por todos aqueles que mereceram essa honra
e esse sublime compromisso,
tornando-se arautos do Teu reino
e do Teu amor.
Amém.
(Para o "Dia do Padre", em 04/08/2010)