terça-feira, 25 de maio de 2010

PALAVRAS DO PROFETA

PAUSA PARA UMA PRECE

Pai Celeste,
Como as flores nos falam de Vosso poder e de Vossa bondade!...
Vivem tão pouco, mas realizam o Vosso sonho de beleza
e transmitem, em perfume, Vossa mensagem de amor!

Como temos que aprender com as flores!
Elas aceitam a vida breve, brevíssima,
mas aproveitam ao Máximo o tempo de vida que de Vós receberam...

Fazei-nos entender que o importante não é viver muito ou viver pouco
- é viver bem!
É realizar, em plenitude, os vossos planos de amor!
Aceitai nossa matrícula na escola dos flores!...

(Dom Helder Camara, 11/ 02/ 1977)


domingo, 23 de maio de 2010

O JAHU EM NORONHA - CONFUSÃO PELA APARÊNCIA



Pouca gente tomou conhecimento de um fato pitoresco ocorrido em Fernando de Noronha, quando da chegada do monomotor JAHU no Arquipélago, em 1927.

À época, a Ilha já sediava duas companhias para a execução dos serviços de telegrafia, valendo-se da "cabografia transoceânica" feita tanto pelos franceses (do Telegrapho Submarino Francês, desde 1914) e pelos italianos (da Italcable, desde 1925). A chegada da aeronave alvoroçara aquela comunidade insular prisional, sendo-lhes preparada uma homenagem no "Clube Lítero Atlético Quinze de Novembro" e a hospedagem na casa do próprio diretor do Presídio, Manoel Pinheiro de Menezes Filho.

João Ribeiro de Barros - o idealizador da travessia por sobre o Atlântico e seus companheiros: Newton Braga, Vasco Cinquini e João Negrão conheciam ali as primeiras glórias do feito que haveria de imortalizá-los. E, em meio às festas, chega um telegrama, dirigido a João Negrão... E então, um jovem e desavisado estafeta entrega o telegrama ao moreno Newton Braga, que retroca, em tom de brincadeira:

- Este telegrama não é para mim. Eu só só negrão na pele... Quem é Negrão no nome é aquele ali (e aponta para o capitão Negrão. Que grande e indelicada confusão!


Mesmo curiosa, essa historinha mais uma vez nos faz pensar no JAHU e na importância de sua viagem naquele distante 1927... Os quatro tripulantes andaram a cavalo pela Ilha. Distrairam-se com os filhos menores do comandante, que guardaram a lembrança dos heróis de sua infância, como um momento especial em suas vidas. Os funcionários do Presídio igualmente uniram-se às homenagens, sabendo que aquela era apenas a primeira parada de outras que ocorreriam pelo continente brasileiro.

Na história do vitorioso JAHU, mais um capítulo singelo pode ser acrescentado!
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(história contada no meu livro "Fernando de Noronha - Lendas e Fatos Pitorescos", Ed. Inojosa, 1992, a partir do relato do Sr. Glauco Pinheiro de Menezes, filho do então comandante do Presídio de Fernando de Noronha. Foto doada por Genaro Pinheiro de Menezes, seu irmão)
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Foto 01 - O JAHU nas águas de Fernando de Noronha;
Foto 02 - Nexton Braga, personagem da história aqui contata;
Foro 03 - Comandante e tripulantes do Jahu, ao lado do comandante do Presídio e seu filho menor, contador da história ocorrida.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

MÊS DE MAIO - MÊS DE MARIA

Maria, Mãe da bondade,
dá unidade a todos nós.
Ampara nossa fraqueza,
dá-nos certeza de ir pro céu.
Teu santo colo embalou,
quando Menino, o Salvador
e, nesse regaço santo
nos entregamos, cheios de amor!

Maria, a humanidade
precisa tanto viver em paz...
Estende o divino manto
com que aqueceste o Redentor.
Os homens, no mundo frio,
se esquecem sempre de dizer "sim".
Ensina-nos, Mãe querida:
não vale a pena viver assim!

Maria, o mundo inteiro
louva o teu nome com devoção.
És Mãe igualmente santa
dos tantos filhos que a Cruz gerou.
Aponta-nos o rumo certo,
enche de fé nossa solidão,
dizendo o "sim" com alegria,
torna-nos dignos da salvação!
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(publicado no meu livro "Cantando o Amor o Ano Inteiro" - Paulinas, São Paulo, 1983)

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A DEVOÇÃO MARIANA EM FERNANDO DE NORONHA


Uma terra dedicada, desde muito tempo, à Mãe de Deus, deveria mesmo louvá-la de muitas formas e por razões diversas... Em Fernando de Noronha foi assim, desde que se deu a definitiva ocupação por Pernambuco, a mando de Portugal.

Século XVIII. 1737. O homem chegava para ficar, para construir, para se abrigar e desenvolver ali um núcleo habitacional que gravitava em torno de uma dolorosa destinação: ser um Presídio para presos comuns, todos condenados a longas penas. Como uma forma de consolo, talvez, começava-se a fazer o primeiro e mais importante templo católico - a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios - iniciada naquele ano de chegada e conluída em 1772, data que aparece em sua fachada.

A dedicação à Virgem dos Remédios foi a devoção primeira, que viria a titular também o principal forte construído na Ilha - a Fortaleza de Nossa Senhora dos Remédios - e toda a vila - Vila dos Remédios. E, logo depois, em 1768, a Senhora dos Remédios era tomada como Padroeira do Presício.

Uma imagem portuguesa foi entronizada no altar e viria a desaparecer em 1817, quando todos os bens da Ilha foram retirados dela em conseqüência da Revolução Pernambucana de 1817, que remeteu para lá um grupo com o fim de "trazer para o continente braços fortes para a luta" (os prisioneiros), desmantelar tudo o que encontrasse erguido ou desenvolvido e "retirar da Igreja todos os trastes de valor, tratando com decência esses bens"...

Mais tarde, findo o movimento político, uma outra imagem seria trazida para ilha, abençoada em 1880, conforme a "Ordem do dia" de 22 de julho de 1880. Tembém essa desapareceria ao ser enviada para o Recife, na década de 1930, para ser restaurada. E a terceira imagem, que esteve no altar a partir da década de 1940, não correspondia à iconografia dessa devoção.

Hoje a Virgem dos Remédios é venerada com duas belas imagens, corretamente feitas em madeira e resina, pelo santeiro de Olinda Elias Sultanun, em tamanhos diferentes, para servirem às Procissões (a imagem menor) e reinar no altar-mor do templo (a imagem maior).

Mas não foi apenas no principal templo que o culto a Maria se deu... A Capela da Fortaleza dos Remédios, hoje semi-destruída, também foi dedicada à Senhora dos Remédios; a Capela do Cemitério, erguida em 1843 e hoje não mais existente, foi dedicada a Nossa Senhora da Conceição e a Capela da Vila da Quixaba (ou da Sambaquixaba), segundo núcleo habitacional historicamente erguido, foi também colocada sob a invocação da Virgem da Conceição, titulação substituída por "Nossa Senhora das Graças", quando a imagem primitiva de Nossa Senhora da Conceição desapareceu e uma outra, mais singela, da Virgem das Graças, foi deixada sobre o altar único, por ser grande demais para ocupar o nicho apropriado desse altar.

No século XIX, os prisioneiros quiseram ter também o seu lugar de culto. E, para isso, ergueram a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Sentenciados, construída na metade daquele século, hoje inesxistente, da qual só se conhece a visão por relatos antigos de sua existência e por ter sido registrada numa obra de arte em óleo sobre madeira, do pintor francês Eugene Laissaily, à época, hoje pertencente ao acervo do Instituto Ricardo Brennand, no Recife.

E, pelos séculos que se seguiram, as festas marianas foram sempre comemoradas, ano a ano, nas solenidades do Mês de Maio e nas Procissões e Festas nas datas de cada uma das venerações escolhidas, com crianças vestidas de anjos, coroando Nossa Senhora, acompanhando procissões fervorosas, recitando o Terço nas residências e nos templos, dedicando a Maria as mais tradicionais e belas canções, em louvor à Mãe de Deus e nossa.

Neste Maio, uma vez mais se faz reverência a essa Mãe, que abençoa seus filhos, ilhados e fervorosamente à espera das bênçãos que lhes alimente a vida!
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Foto 01 - imagem desaparecida na década de 1930.
Foto 02 - imagem atual, com a iconografia correta.
Foto 03 - celebração mariana em 1992.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

MÃE, CONTRADIÇÃO DE AMOR!


Diante da dor que lhe estremece o seio
ou rindo feliz, brincando com o filho;
cansada, ao fim de um dia farto e cheio,
saciada de amor ao receber carinho;

correndo, ansiosa, para fazer tudo
ou descansada, acalentando o berço;
esperando, calada, tendo o filho mudo;
secando lágrimas, vendo o recomeço...

Contraditória mulher, de gestos tão diversos;
ousada fada, em muitas se desdobra
e segue em frente, distribuindo amor...

Não há como esquecer a vida ao lado dela
e receber afeto é tudo que a mãe cobra,
neste doar-se pleno, que nunca se acabou...

Pois foi para ser assim
que a fez o Criador!
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(Homenagem a todas as MÃES, em 2010)




sábado, 1 de maio de 2010

CURIOSIDADES DO MÊS DE MAIO EM OLINDA


É MAIO, uma vez mais, um mês tradicionalmente dedicado a MARIA e celebrado de muitas maneiras e em quase todas os lugares deste imenso Brasil...

Em Olinda, celebrar o mês mariano foi sempre um costume familiar e comunitário, com recitação do Terço nas casas e/ou nas igrejas e capelas, dentre as muitas erguidas para louvar a Mãe de Deus, desde o início da ocupação da "mimosa e sempre leal Vila d´Olinda"...

Durante séculos esses espaços de culto se localizavam apenas na área hoje definida como "sítios históricos", caracterizada pelas sete colinas suaves, onde se fez a colonização a partir de 1535, com a chegada do donatário Duarte Coelho. Foi a empolgação desse fidalgo português, diante da "linda situação para se construir uma vila" que fez Olinda surgir, do "sonho dos homens"... Mais tarde, já no final do século XIX, deu-se a corrida para as praias, para os "banhos de mar", por razões terapêuticas, estendendo-se a ocupação para os demais espaços do "Termo da Vila", povoando outros lugares e neles erguendo outras igrejas e capelas, a maioria delas dedicadas à "Senhora dos Mil Títulos".

E assim surgiram a Igreja de N.Sª do Monte (a destinação citada no Foral de Olinda, de 1537); a Igreja de N.Sª da Misericórdia, de 1540; a Igreja de N.Sª do Carmo (a mais antiga das Américas), de 1580; a Igreja de N.Sª das Neves, do Convento Franciscano (o mais antigo da Ordem, no Brasil), de 1585; a Igreja de N.Sª da Graça, do antigo Real Colégio dos Jesuítas, depois, Seminário de Olinda, de 1551; a Igreja de N.Sª da Conceição do Recolhimento das Dorotéas; a Igreja de N.Sª do Rosário dos Homens Pretos (a primeira erguida em terras brasileiras por escravos, que nela deixaram lindos arcos e painéis com pinturas em motivos africanos, somente aflorados na restauração de 1996; a Igreja de N.Sª do Amparo; a Igreja/Paróquia de N.Sª de Guadalupe dos Homens Pardos (a primeira no Brasil dedicada à Virgem de Guadalupe, padroeira da América Latina); a Igreja de N.Sª da Boa Hora; a Capela de N.Sª de Lourdes (do abrigo de idosos); a Capela da Rosa Mística... Todas essas somente no pequeno espaço onde a vila começou e até hoje razão de orgulho para os olindenses.

Depois, vieram outros tempos, surgiram outros bairros, na trilha da ocupação em direção ao mar e perto dele... Mais tarde, buscaram-se os morros, nas cercanias da cidade que crescia, mantendo-se o costume de cultuar Nossa Senhora nas igrejas e capelas, como a Igreja/Paróquia de N.Sª de Fátima, no Bairro Novo; a Igreja/Paróquia de N.Sª da Ajuda, no bairro de Peixinhos e as Capelas de N.Sª da Conceição e N.Sª do Perpétuo Socorro, a ela pertencentes; a Capela de N.Sª Conceição, no bairro de Casa Caiada; a Igreja/Paróquia de N.Sª da Assunção de Maria, no bairro de Rio Doce; as Capelas de N.Sª da Bondade, N.Sª do Perpétuo Socorro, N.Sª Auxiliadora e N.Sª do Carmo, pertencentes à Paróquia de Salgadinho e distribuídas em bairros populares; o Santuário da Mãe Rainha, no bairro de Ouro Preto, no morro onde existiu outrora o "Santuário de N.Sª da Encarnação, dos Recoletos de São Felipe Neri"... Todas em Olinda... Todas nas "muitas Olindas"... Isso sem contar os altares com magníficas imagens de Maria, sob tantas invocações, em igrejas com titulações não marianas (algumas com nomes bem estranhos, como N.Sª do Boi, do Convento de Santa Tereza, na entrada da cidade),

Afora esses espaços, especialmente erguidos para o culto regular, semanal, também se fez um nicho mariano, singelo e bonito, engastado junto ao Mercado da Ribeira, na área de restrita preservação, único não dedicado ao tema da Paixão de Cristo, dentre os que marcam os caminhos das Semanas Santas, a cada ano, e sim voltado para reverenciar a Mãe de Deus, e que só se abre para a reza do terço nas noites de Maio, com devotos sentados em assentos improvisados, diante daquele belo e pequeno altar, junto à rua e aos que por ela transitam.

Olinda e suas curiosidades. Olinda e seus mistérios, suas tradições fortes, enraizadas na alma do seu povo, contagiando a tantos quantos se apercebem dessas singularidades e por ela se encantam! Salve!