segunda-feira, 28 de setembro de 2009

UMA DAS LENDAS DE FERNANDO DE NORONHA

A LENDA DO CAPITÃO KIDD

(história do pirata que andou pelos mares e escondeu seus tesouros numa ilha)

Contam que, pelos mares,
Um homem famoso andou
Assaltando embarcações,
Provocando confusões
Como nunca se pensou...
Salteador de verdade
Que a muitos assustou.

Contam também que o homem
Depois de perambular
Pelos lugares do mundo
E pelo mar mais profundo,
Resolveu se resguardar
Escondendo seus tesouros
Todos num só lugar.

Numa caverna enorme
De uma bonita ilha
Foi o tesouro escondido,
Quase desaparecido
Ficando guardado em pilha...
Para que o povo esquecesse
Do pirata e sua quadrilha...

Capitão Kidd era o nome
Desse temido ladrão.
Histórias foram inventando
Desse cabra, revelando
Os roubos, a traição,
De tanta gente atacada
Sem dó e sem compaixão.

Até hoje se acredita
Que, da ilha, o “mar-de-fora”,
Esconde essa riqueza
Na caverna, com certeza,
Sepultando, desde outrora,
Jóias, moedas de então
Tudo que até servia agora...

Mas quem vem pra essas bandas
Saiba que vai encontrar
Um tesouro de beleza
Que está na natureza
Como atração do lugar
Sem que venha a ser preciso
Outra riqueza buscar.

As coisas que hoje se contam
Do homem que assim viveu,
Dos roubos desse danado,
Pirata mal-assombrado
Que o tempo não esqueceu,
Tudo isso virou lenda...
Será que aconteceu???
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Ilustração: reprodução do protótipo do carro alegórico da Escola de Samba Mangueira, no Carnaval de 1995, desenho do carnavalesco Ilvamar Magalhães

Texto: Marieta Borges Lins e Silva


domingo, 27 de setembro de 2009

LOUVOR AO IDOSO

O tempo trás consigo o alquebrado jeito de ser,
o branquear dos cabelos dia a dia,
o tremor nas mãos envelhecidas,
o esquecimento daquilo que constituiu
– um dia – razão de ser feliz!

O tempo amedronta, porque significa o desconhecido,
angustia porque não se sabe o quanto resta a cada um,
precipita a dor de estar chegando ao fim,
ou o desânimo dos que já não esperam nada
e nem se sentem capazes de continuar lutando...

Mas o tempo também soma experiências maravilhosas,
enriquece o espírito de luz e de sabedoria,
molda o caráter e desperta coragem,
de distribuir os bens acumulados com outros,
como fardos doces e merecidos para quem os recebe...

O tempo ameniza cicatrizes, suaviza feridas na alma,
consola corações estremecidos,
torna-se poço de conhecimento e de trocas,
rejuvenesce a fé, renova esperanças
e partilha com a vida o que se fez bagagem imorredoura...

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Saudemos, no idoso de hoje,
aquele que recebeu as marcas do tempo sem sofrer por tê-las
e dividiu retalhos de entusiasmo aos que são jovens
e não sabem o caminho da busca,
pois partiram desatentos pelos caminhos!

Saudemos, no idoso de agora,
todos os homens e mulheres que deixaram chegar as rugas
mas também sabem o quanto de bom cada uma delas acrescentou
à vida, ao amor, ao ser e não ao ter.
Deus os abençoe a todos!


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No "DIA DO IDOSO", em 2009.


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

PALAVRAS DO PROFETA


Para além,
muito dos egoísmos individuais,
das egoísmos de classe,
dos egoísmos nacionais,
é preciso abraçar,
sorrir,
trabalhar"
(Dom Helder Camara)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

LÚCIDOS COMENTÁRIOS SOBRE O "PALÁCIO DOS GOVERNADORES" DE OLINDA


A respeito a recente postagem que fiz sobre o PALÁCIO DOS GOVERNADORES, de Olinda, recebi lúcidos comentários do Professor Germano Coelho, duas vezes Prefeito do Município, enriquecendo o tema com sua experiência e paixão pela cidade a quem tanto serviu.

Ele fala, principalmente, de momentos registrados na História do Brasil, da decisiva ação que deflagrou, criando – pioneiramente - um Sistema de Preservação que permitiu ousadia nas ações preservacionistas e sobre a repercussão, em Brasília, das corretas atitudes do então Deputado Federal, Fernando Coelho. Por isso, resolvi expor aqui toda a argumentação desse benfeitor de Olinda, Germano Coelho.

A ARGUMENTAÇÃO:

1. Sobre o Palácio dos Governadores: seria interessante citar que a primeira "História do Brasil", escrita em Olinda e na Bahia, pelo franciscano Frei Vicente do Salvador, refere-se explicitamente, ao Palácio dos Governadores, tão importante para a luta contra os Franceses no Maranhão. Foi diante do Palácio, na Rua de São Bento, que os franceses - à frente Jacques Rifault e Charles Devoult – desfilaram, após a vitória olindense obtida no Maranhão, no século XVII.

2. Sobre o tombamento do Palácio dos Governadores lembrou ele que isso decorreu da criação do Sistema Municipal de Preservação, pioneiramente implantado em Olinda, que previa:
* um Conselho de Preservação (com repressentantes das esferas Federal, Estadual e Municipal);
* uma Fundação de Preservação; órgão executivo municipal;
* um Fundo de Preservação, com 5% de recursos do Fundo de Participação dos Municípios - FPM;
* e o Tombamento Municipal dos Bens, que integrou o Palácio dos Governadores, uma vez que o Município sabe, melhor do que qualquer outro órgão, o valor de seus bens.

3. Sobre a divulgação nacional das ousadas propostas em Olinda, lembrou Germano Coelho que foi convidado a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criada na Câmara de Deputados em Brasília, numa iniciativa do Deputado Federal Fernando Coelho, registrando na ocasião que, com as cotas mensais do FPM, Olinda tinha mais recursos para restauração de seus bens, do que o próprio Governo Federal. O Palácio dos Governadores é um exemplo de um bem restaurado na época pelo Município, com recursos do Município.

4. A respeito da Coleção de quadros de Bajado, existente no Palácio dos Governadores, foi toda ela doada à Prefeitura de Olinda, na Administração Germano Coelho, em retribuição às homenagens feitas a ele pela PMO, com a gravação de um compacto com a música, "Bajado um Parceiro de Deus".

Todas essas considerações só ampliam as informações sobre um monumento olindense do qual pouca gente fala, ao mesmo tempo em que faz justiça a um sonhador e realizador de um grande governo, que foi o Prof. Germano Coelho.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

FERNANDO DE NORONHA E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL


Em 1º de setembro de 1939 começou a II Guerra Mundial... Setenta anos se passaram desde aquele trágico dia. Mas as marcas de tudo o que ocorreu em torno dessa decisão fatídica haveriam de ficar pelo mundo afora e também em Fernando de Noronha, o pequeno espaço insular tão distante do continente, e bem no meio do Atlântico de tantas ataques e perdas.

A decisão de fazer o Arquipélago um espaço avançado de guerra começou em 1941, quando por lá existia um Presídio Político, instalado desde 1938. Uma Comissão militar foi incumbida - pelo Governo Federal – de avaliar e definir a melhor forma de ocupação daquele espaço em favor de garantia da segurança nacional. E a conclusão desses estudos foi que “o arquipélago não era lugar indicado para presídio e sim para uma base área naval ou militar".

Sugestão aceita e foi providenciada a retiradade todos os presos políticos, adaptando-se os lugares por eles antes ocupados, como base de guerra. Era um momento histórico e a situação internacional era difícil. Em fevereiro de 1942 o Conselho de Segurança Nacional, elencava razões em favor da ocupação militar do arquipélago, como "o afastamento da costa brasileira" e a "falta de condições para a agricultura, a indústria e o comércio".

Cumprindo a determinação, cerca de três mil “pracinhas” foram enviados para o Arquipélago, com todas as dificuldades da arriscada travessia. Lá, por todos os lados, implantou-se o esquema de acomodação dos soldados e de recebimento e instalação de mais de cinqüenta canhões, de outros equipamentos bélicos e de veículos que viriam a danificar as seculares estradas do sistema viário do século XVIII, entre outros danos visíveis até os nossos dias.

Como acordo de cooperação técnica, instalou-se também a Base Americana de Guerra, na região situada entre a Baía Sueste e a Praia de Atalaia, substituindo-se a vegetação existente por barracões com diversas finalidades (inclusive moradia temporária), alguns dos quais resistem, reutilizados para outros fins. Sem esquecer do perigo que significou a proximidade dessa Base com o Mangue do Sueste, única ocorrência dessa espécie em ilha no Atlântico Sul.

Hoje pela ilha existem algumas marcas desse tempo (1942 / 1945), facilmente identificáveis nos canhões que servem como peças decorativas de alguns espaços urbanos da ilha, bem como nos barracões de construção pré-moldada, que abrigou o contingente enviado.

Esse tempo e essa características únicas foram algo de registro na série de reportagens publicadas pelo Jornal do Commercio, entre 1º e 07 de setembro, série essa comemorativa dos setenta anos da declaração de guerra, que levou o mundo a um conflito mundial desnecessário. E serão igualmente assunto de artigo a ser publicado na Revista da Academia de Artes e Letras de Pernambuco, neste 2009.

O passado não pode ser esquecido. Isso é um compromisso!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O "PALÁCIO DOS GOVERNADORES" EM OLINDA


Construído no século XVII (em 1660), esse Imponente edifício de arquitetura palaciana, iluminado por lampiões imperiais conserva o piso e as escadarias da nobreza e janelões com varandas de ferro, molduras de pedra e frontão triangular.

Seu nome é a herança histórica das três vezes em que o Brasil foi governado a partir de Pernambuco, por Vice-Governadores, sediados nessa edificação, em Oliinda. Mesmo não mantendo esse uso, o nome Palácio dos Governadores foi eternizado.

Muitas foram as ocupações dadas ao monumento da arquitetura civil... Aí, no século XIX, instalou-se o antigo Paço da Assembléia Constituinte e Legislativa da Confederação do Equador. Abrigou, em 1852, os Cursos Jurídicos, que haviam sido criados no Mosteiro de São Bento, em 1827. Também sediou o Teatro Melpôneme, o Fórum e o Colégio Arquidiocesano de Olinda. Desde o século XX é a sede do Poder Executivo do Município.

Em um dos seus salões térreos está a Galeria Bajado, exposição de obras daquele pintor primitivo, que é uma bela coleção de 20 quadros pintados na década de 1970, retratando o cotidiano e as festas populares de Pernambuco. Outras obras de valor artístico emolduram suas outras paredes antigas...
Em janeiro de 2004 o Palácio dos Governadores foi tombado pela Municipalidade como símbolo máximo da Restauração Pernambucana, movimento que resultou na expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro no século XVII. A iniciativa fez parte das comemorações pelos 350 anos da rendição flamenga, que havia ocupado o Nordeste desde as margens do Rio São Francisco até o atual Estado do Maranhão.

Em 2008, ocorreu a instalação do governo do Estado neste Palácio, em Olinda, em homenagem à história da cidade e do seu povo, iniciativa do Governador Eduardo Campos. Em 2009, quando das comemorações da data magna da cidade – 12 de março – o corte do bolo e as apresentações artísticas ocorreram em frente ao Palácio dos Governadores, como manda a tradição da cidade.

E assim resiste esse monumento, na sua imponente e bela presença nos Sítios Históricos de Olinda, testemunhando a passagem do tempo e servindo como mirante para contemplação da vida da cidade, nos seus desfiles, nos cortejos estudantis, nas bandas de música, nas procissões, nos folguedos carnavalescos, juninos e natalinos. Sua janelas seculares contam tantas histórias...


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

PALAVRAS DO PROFETA


"Só as grandes humilhações
nos levam
ao recesso último
de nós mesmos,
lá onde as fontes interiores
nos banham de luz,
de alegria
e de paz."


(Dom Helder Camara)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

MINHA PÁTRIA, MEU AMOR!


A Independência
não é um momento, apenas,
um grito que ecoa,
um ato isolado de bravura...
A Independência
é uma conquista de cada dia,
é uma reafirmação constante e paciente
que se constrói lentamente...
A Independência
é o desamarrar dos laços que, constantemente,
envolvem nossa coragem que vacila
para proclamar
a ventura de ser livre!

(07 de setembro - Independência do Brasil)


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

"TEREZA DE TODAS AS HORAS"


Uma mulher múltipla, que viveu as fases da vida intensamente, tendo sido a princesa de uma família aristocrática pernambucana, a dona-de-casa e mãe devotada para os padrões da sua época, a guerrilheira nômade por amor e engajamento político, a Artista que chega aos 80 anos contando uma história de vida fascinante e apresentando uma obra concretizada numa exposição grandiosa, pela qualidade dos seus trabalhos e tamanho de cada tela criada.

Hoje é o seu dia. O dia de mostrar-se por inteiro na exposição TEREZA DE TODAS AS HORAS. O dia de falar livremente do amor que a levou embora do Brasil e a fez voltar um dia, sofrida e determinada. O dia de exibir as 52 telas que se entregam ao mundo no Museu do Estado de Pernambuco (do qual já foi Diretora), em noite de gala.

Da experiência de pintar motivos políticos, na “Brigada Portinari” da campanha de Miguel Arraes veio o interesse por quadros maiores, por muros, crescendo sue trabalho em proporções talvez nunca imaginadas... A vida lhe ensinou que o mundo é grande e começa no interior de cada um, fazendo brotar suas crenças, seus temores, suas verdades.

Andou pelo mundo... A volta ao Brasil, em 1979, conduziu-a para Olinda, onde veio se instalar em definitivo, impregnando-a de outras experiências, inclusive no poder público, onde é hoje a Diretora do Museu do Mamulengo, vitoriosa e pioneira casa de valorização do boneco olindense, que já se multiplicou pelo Brasil.

Salve, Tereza Costa Rego, sábia, forte e enternecedora mulher!

Hoje é seu dia!